Todos nós, em qualquer momento da nossa vida, já ouvimos alguém rotular ou descrever outra pessoa como “esquizofrénico, agitado, maluco ou aquele que fala sozinho”. Regularmente caracterizamos o outro, sem termos verdadeiro conhecimento do que são as doenças mentais e como elas afetam a qualidade de vida do doente/paciente que desenvolve um quadro de perturbação do foro psiquiátrico.
Neste artigo vamos falar sobre uma doença mental muito falada, mais concretamente a Esquizofrenia e como esta condição clínica afeta o doente.
Esta doença tem sido alvo de constante revisão bibliográfica e no DSM V – Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, está incluída nas Doenças do Espectro da Esquizofrenia.
A Esquizofrenia é uma doença psiquiátrica, crónica que poderá afetar cerca de 1% da população em todo o mundo e que se caracteriza por alterações da função cerebral que condicionam gravemente o pensamento, a percepção, o comportamento, as emoções, os afetos e a interação social, com um impacto significativo na vida dos doentes.
Os sintomas mais frequentes da esquizofrenia podem ser classificados em sintomas positivos e sintomas negativos.
Os sintomas positivos da esquizofrenia incluem:
- Alterações do pensamento com aparecimento de delírios (ideias falsas e bizarras);
- Alterações da percepção com aparecimento de alucinações (ouvir sons ou vozes que não existem);
- Alterações do comportamento e discurso habitual da pessoa;
Os sintomas negativos da esquizofrenia incluem as seguintes dificuldades:
- Relações interpessoais;
- Motivação;
- Capacidade experienciar o prazer;
- Raciocínio lógico e atenção, causando um progressivo isolamento social e uma disfunção cognitiva com impacto funcional significativo.
A esquizofrenia não tem uma causa única. São hoje conhecidos vários fatores que contribuem para o aparecimento da doença, nomeadamente:
- Fatores genéticos
- Fatores relacionados com o neurodesenvolvimento
- Fatores ambientais como a exposição ao stresse ou exposição a drogas, nomeadamente o consumo de canabinóides.
O tratamento/intervenção na Esquizofrenia consiste na melhoria das alterações da função cerebral com recurso a medicamentos antipsicóticos que são eficazes na redução dos sintomas da doença. Numa perspetiva multidisciplinar devem também ser valorizadas a psicoterapia, a reabilitação cognitiva e intervenções de suporte social para reintegração funcional do doente.
Sendo uma doença psiquiátrica crónica, a adesão à terapêutica e estratégias psicoterapêuticas e de suporte são essenciais para a prevenção de recaídas e de deterioração funcional da pessoa. A Psicoeducação, enquanto intervenção comportamental e cognitiva, tanto dos familiares como do paciente, tem demonstrado elevadas evidências de maior redução de sintomas, recaídas e internamentos compulsivos.
A esquizofrenia não tem cura, mas existem tratamentos de farmacologia, reabilitação e de suporte muito eficazes que permitem a remissão e controlo dos sintomas na grande maioria dos doentes, com recuperação significativa do bem-estar e da qualidade de vida, desde que seja garantida a adesão ao tratamento.
Esta doença mental é grave, é incapacitante e gera elevado sofrimento tanto e deve ser tratada.
Caso identifique alguma pessoa com estes sinais e sintomas, por favor encaminhe para o médico de família ou um médico psiquiatra, avaliação da doença. Esta doença mental é grave, incapacitante e gera elevado sofrimento.